segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A pseudo-sabedoria travestida de uma santidade hipócrita

Autor: Robson T. Fernandes


“Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” (Pv 3:7)


A sabedoria, segundo a Bíblia Sagrada é algo que pode ser trazida de “cima” ou adquirida por aqui mesmo. O fato é que a sabedoria que vem de cima, do alto, é aquela que produz paz no ambiente em que se vive; traz moderação, isto é, equilíbrio; produz um bom relacionamento entre as pessoas; produz misericórdia e bons frutos; produz um tratamento imparcial; produz a sinceridade e extermina a hipocrisia. Essas características podem ser encontradas no texto de Tiago 3:17.

Muitas pessoas têm vivido uma crise de santidade produzida por um complexo de pseudo-experiências pessoais. Chamo de pseudo-experiências, porque a experiência verdadeira deve ser dirigida por Deus, todavia temos visto experiências bem presentes, mas que não procedem do Senhor.

Um grande tempo de vida não representa, necessariamente, maturidade na fé nem experiência com Deus, já que temos vivenciado tantos casos de pessoas tão velhas na fá e que têm caído na apostasia e em práticas nada bíblicas.

Muitos têm sido identificados como homens sábios, porém a verdadeira sabedoria é demonstrada com a presença das características citadas anteriormente (Tg 3:17).

Podemos apresentar duas sabedorias: a de Deus, e a do mundo. Uma é boa e a outra é má; uma é proveitosa, e a outra tira proveito; uma é honesta, e a outra se aproveita da honestidade; uma é sincera, e a outra é hipócrita; uma é pura, e a outra é suja; uma é genuína, e a outra é dissimulada; uma é celeste, e a outra é animal, terrena e diabólica.

A dissimulação pode fazer com que a sabedoria terrena seja confundida com a celestial. Para discernirmos precisamos observar os frutos, e isso só é demonstrado com o tempo.

A verdadeira sabedoria é pura, ou seja, não está contaminada com imoralidades, “palavriados” maliciosos, piadas imorais, gestos obscenos, expressões de duplo sentido, deturpações astuciosas e nem “segundas intenções”.

A verdadeira sabedoria é pacífica, ou seja, ela produz paz no final de tudo. Ela não traz conflito, não piora a situação, não deixa o problema sem solução, não causa disputas e nem produz sentimento faccioso.

A verdadeira sabedoria é moderada, ou seja, ela traz equilíbrio. Ela promove a manutenção do corpo de Cristo de forma sólida, sincera e honesta. Ela proporciona a manutenção da moralidade cristã, e entenda-se por moralidade a conservação da idoneidade espiritual, física e psíquica do ser. Ela não traz desequilíbrio, descontrole e descomedimento.

A verdadeira sabedoria é tratável, ou seja, é benévola (trata bem os outros). Esse tratar bem está em um aglomerado que envolve sinceridade, honestidade, pureza e amor verdadeiro. Ela não é dissimulada ao ponto de trazer um comportamento dúbio, dependendo da presença de alguém. Não é perigosa nem maligna. Perigosa para praticar o mal e nem maligna para arquitetar, planejar, o mal.

A verdadeira sabedoria é cheia de misericórdia. A misericórdia é a capacidade de perdoar alguém, não lhe castigando quando este merecia receber tal castigo. A verdadeira misericórdia só pode ser demonstrada porque já experimentou dela. A falsa misericórdia é aquela que é demonstrada na presença de alguém, mas excluída em sua ausência. Na presença: chora, perdoa, pede perdão, concilia. Na ausência: difama, calunia, persegue, magoa, mente.

A verdadeira sabedoria é cheia de bons frutos. Observe a estrada trilhada por aquele que se diz sábio. Essa estrada deve ser cheia dos frutos do espírito. Se tal estrada estiver ladrilhada de confusões, infâmias, divisões, balburdias, calúnias, separações, acusações, adultérios, furtos, bebedices, roubos... não haverá bons frutos e consequentemente tal sabedoria não é celestial, mas terrena, animal e diabólica.

A verdadeira sabedoria é sem parcialidade, ou seja, não tem partidarismos. Esses partidarismos estão bastante presentes, e produzem divisões silenciosas no meio do grupo, trazendo conflitos internos que poderiam ser evitados, e produzindo pecados crescentes que se acumulam em montões de problemas quase “irresolvíveis”.

A verdadeira sabedoria é sem hipocrisia, ou seja, sem simulação, falsidade ou impostura. A hipocrisia é o fermento que põe a levedar toda a massa e por ela os fariseus foram reprovados. A hipocrisia é a capacidade de se afirmar para alguém que se é uma pessoa sem que se seja na verdade, é a capacidade de mostrar uma qualidade que não se tem, é a capacidade de se mentir descaradamente, às vezes acreditando na própria mentira.

A verdadeira sabedoria é desprovida dessas características. A suposta sabedoria que contém esses elementos é terrena, animal e diabólica (Tg 3:17).


“Tens visto o homem que é sábio a seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele.” (Pv 26:12)


Para piorar a situação, muitas máscaras têm caído, mas ao invés de se buscar o arrependimento e mudança de atitude têm-se buscado afundar cada vez mais nos prporios delitos e pecados.


“Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.” (Pv 30:12)


“Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” (Is 5:21)


Ai daqueles que agem assim, como se Deus não estivesse observando, como se Deus estivesse satisfeito, como se Deus não pudesse fazer nada. Ai desses.





Robson Tavares Fernandes é casado com Maria José Fernandes e residem na cidade de Campina Grande. É bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional). É diretor e professor do CBA (Curso Básico de Apologética), pesquisador da VINACC (Visão Nacional para a Consciência Cristã), professor do ITESMI (Instituto Teológico Superior de Missões) e palestrante.

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